domingo, 20 de dezembro de 2009

Modelos de Letramento e Práticas de Alfabetização

 Por que a escola, sendo a mais importante agência de letramento, não se preocupa com o letramento social e sim apenas com um tipo de letramento, o escolar?
Por que cultural e historicamente o papel da escola é educar e alfabetizar, mas de uma maneira metódica e metodológica. Corrigir erros, premiar acertos. Assim é difícil ter espaço para o informal, que é a maneira como a maioria das crianças começa o letramento.
Nas classes sociais mais favorecidas, o letramento se dá mais cedo. Os pais têm possibilidade de comprar livros, assinam jornal, tem computador com internet. As crianças são mais estimuladas visual e oralmente. Nas classes desfavorecidas este letramento também se dá, mas através de meios mais simples, como televisão, igreja.
O grande equívoco da escola é ignorar este letramento inicial, e valorizar as velhas fórmulas. O letramento social acaba distante do letramento escolar. Desta maneira continua mostrando ao aluno que está desconectada, da realidade e do seu contexto porque o que o aluno experimentou e continua vivenciando fora é até mais lúdico e rico do que o que vivencia na sala de aula.
Quando apareceu a proposta do ensino de nove anos e entrada mais cedo da criança na escola, um dos motivos era esta desigualdade social: o filho do pobre, por não ter acesso a escolas particulares, aprendia a ler depois do filho do rico, que podia pôr seu filho nestas escolas que começam a estimular a criança precocemente. Então, o primeiro ano seria de letramento e alfabetização lúdica. Mas o que está acontecendo na maioria das instituições é a alfabetização forçada e esquecimento do letramento. Pior ainda quando os profissionais acham que “letramento é apresentar as letras”.
Mostra-se assim que muitos profissionais ainda não sabem o que é letramento. Já se fizeram palestras, cursos, e até especialistas se confundem. Então como conectar o social com o escolar, em um universo onde se trabalha ainda em cima do desconhecido?

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